Quem acompanha de perto o mercado financeiro sabe que ele é recheado de índices que possuem o intuito de estabilizar a economia do país. O INPC é um deles e influencia de forma especial no setor imobiliário.
A sigla INPC significa “Índice Nacional de Preços ao Consumidor”, e tem o objetivo de calcular a variação no custo de vida das famílias brasileiras com ganhos de até cinco salários mínimos.
Isso quer dizer que ele mensura o impacto da inflação na vida dos consumidores, sendo esse um dos pontos que mais pesa no bolso dos brasileiros. Afinal, ele influencia no poder de compra das pessoas, podendo diminuí-lo consideravelmente.
O INPC pode, por exemplo, influenciar no reajuste de aluguéis ou do valor de um imóvel, sendo por isso considerado um fator de importância no ramo imobiliário.
De fato, qualquer item presente no mercado, seja uma placa solar 300 watts ou um pacote de arroz, está sujeito a ter o seu preço modificado a partir de alguns índices econômicos.
Por isso, saber mais sobre eles ajuda a ter consciência do que se pode esperar em termos financeiros.
No caso do INPC, a variação dos preços envolve serviços e itens presentes no comércio de varejo. Portanto, ele serve para que se possa entender o quanto o custo de vida foi aumentado dentro de certo período.
Vale lembrar que ele não é utilizado apenas para entender custos, mas também para calcular o reajuste e o aumento do salário do trabalhador. Por isso, é um dos índices mais utilizados pelo Governo Federal.
Em paralelo, quem atua no setor imobiliário precisa conhecer melhor o INPC, justamente para entender do que ele se trata, como ele é reajustado e por que ele é importante para o desenvolvimento do mercado de imóveis.
Então, siga na leitura deste conteúdo e saiba mais sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, entendendo o peso dele dentro da sua área.
O que é o INPC?
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor é aquele que calcula o custo de produtos e serviços, de acordo com a sua variação em um determinado período. Ele é utilizado desde 1979, sendo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que faz essa pesquisa.
Esse índice é mensurado em um grupo específico de pessoas, sendo aquelas que recebem entre um e cinco salários mínimos por mês para alimentar a sua família, suprindo assim os gastos necessários para a sobrevivência. Entre os principais custos mensais estão:
- Habitação;
- Alimentação;
- Despesas pessoais;
- Educação;
- Saúde;
- Transporte;
- Vestuário;
- Comunicação;
- Itens para a casa.
Por ser centralizado em gastos mais básicos, o INPC é fortemente impactado sempre que ajustes nos preços dos alimentos, do transporte público ou do gás de cozinha sofrem aumento.
Ao mesmo tempo, ele é utilizado na negociação de reajustes salariais, que ocorrem todos os anos. Muitas vezes, o trabalhador espera pelo seu aumento para realizar uma reforma elétrica apartamento que estava sendo adiada.
No setor imobiliário, o INPC é um dos índices que ajuda a calcular o ajuste no preço do aluguel, e também é utilizado para determinar a precificação de um imóvel.
No entanto, existem outras medidas que podem ser aplicadas, como o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O IPCA é aplicado para famílias com renda maior, de até 40 salários mínimos.
Por ser um índice importante, ele também pode ser utilizado pelo Governo Federal para análise das metas da inflação e no setor imobiliário para o reajuste de aluguéis.
Como o INPC é calculado
Para se calcular o INPC, o IBGE utiliza um sistema nacional próprio (SNIPC), que faz a coleta das informações necessárias diariamente no período de um mês.
Nesse processo, cada dado obtido é coletado em estabelecimentos, em prestadores de serviço, em concessionárias de serviços básicos e nos próprios domicílios.
É como se ele fosse até uma loja de casa e construção e fizesse a coleta dos preços referentes a cimento, tijolo, material para forro de gesso tabicado, e vários outros itens.
Dadas as proporções e a quantidade de cidadãos brasileiros, o sistema centraliza a coleta em 13 capitais, sendo elas: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belém, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Recife, Vitória, Salvador, Fortaleza, Goiânia e Campo Grande.
Além disso, as famílias que contribuem com esses dados estão localizadas no perímetro urbano dessas regiões, o que garante uma análise mais detalhada de informações.
A faixa de renda que é medida no INPC corresponde a 50% das famílias brasileiras e, por isso, é o foco do índice. Afinal, o intuito dele é entender o impacto das variações do mercado na parcela mais vulnerável da população.
Isso porque, enquanto é mais comum verificar que famílias que recebem mais de cinco salários investem em paisagismo piscina, por exemplo, as que ganham até cinco salários utilizam a sua renda no consumo de alimentos e de medicações.
Dessa maneira, com os dados em mãos, o IBGE calcula o valor do índice de modo individualizado para cada região e, depois, determina uma base para o INPC, que vai impactar todo o território nacional.
É preciso ressaltar que a mesma fórmula é aplicada para cada região, tal como uma remediação do solo deve ser realizada sempre da mesma maneira. Isso garante a consistência e a seriedade da pesquisa.
A influência do INPC no mercado imobiliário
Mesmo que aparentemente o INPC possa parecer inofensivo ao mercado imobiliário, essa não é uma verdade. Isso porque como o índice mostra que o consumidor está perdendo o seu poder de compra, esse problema pode afetar diferentes negócios imobiliários.
Nesse sentido, oscilações muito altas prejudicam de forma especial o setor, pois trazem consequências em diferentes esferas.
Para entendê-las mais facilmente, é possível aplicar o exemplo de uma família que possui como custo mensal um aluguel de R$ 1.500.
Com o aumento da inflação, a possibilidade de que ela consiga reservar parte da sua renda para investir na compra de um imóvel novo cai consideravelmente.
Mesmo quando o cenário é o de uma locação comercial, onde o proprietário do negócio estava pensando em investir em melhorias, como a pintura de fachada de escola infantil, certamente essa reforma será deixada para depois.
Outro ponto que pode influenciar na precificação dos imóveis é justamente o fato de que o valor do aluguel será reajustado, o que pode significar a perda do inquilino, principalmente quando o reajuste do salário dele não acompanha a subida do preço da locação.
Essa questão pode fazer com que um locatário acabe por rescindir o contrato com o locador e com a imobiliária e vá morar de favor com algum parente, o que faz com que ele transforme um custo pesado no seu orçamento em economia de recursos.
Por fim, mais um ponto que mexe com a precificação dos imóveis é o endividamento, uma vez que um imóvel que teria o seu financiamento aprovado pode ser rejeitado pelo aumento do valor e pela renda insuficiente do comprador.
Até porque um financiamento nessas condições poderia criar uma dívida de grandes proporções ao interessado, o que faz com que ele desista da compra do imóvel, pois o não pagamento das parcelas pode fazer com que ele perdesse o investimento.
Isso significa que mesmo que o INPC fosse positivo para quem está vendendo uma casa, já que a inflação poderia aumentar o seu valor de venda, certamente seria negativo para o comprador, que precisa equilibrar os seus custos mensais de sobrevivência.
Assim, mesmo que o INPC não reflita exatamente no setor da construção, que é responsável pelo levantamento de prédios ou pela implementação de uma estrutura metalica para caixa dagua, ela impacta de modo significativo esse nicho e em outros.
Afinal, o aumento do índice que impacta a vida do consumidor reflete no tipo de imóvel em que ele vai morar, seja comprando ou alugando, o que colide com a economia brasileira como um todo.
Para empresas do setor de construção e do ramo imobiliário que têm como público-alvo justamente as famílias que recebem até cinco salários mínimos mensais, cada análise e resultado publicado pelo IBGE é importante, e sinalizam quais serão os próximos cenários.
Considerações finais
Como é sabido, os preços aplicados em qualquer circunstância, seja na compra de uma placa de vinil transparente ou na aquisição de um imóvel, impactam diretamente o mercado como um todo, e o bolso do consumidor de modo especial.
Por isso, acompanhar de perto cada nova atualização do INPC é essencial para o setor de imóveis, tanto no que diz respeito à venda quanto à locação de casas e apartamentos, uma vez que uma variação coerente pode trazer boas negociações e a satisfação de todos.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.