A pandemia do novo coronavírus trouxe muitas mudanças na sociedade, como a adoção das recomendações de isolamento social, ampliação dos hábitos de higiene pessoal, fechamento dos comércios e serviços.
Consequentemente, impactos para a economia e política de todo o mundo foram gerados.
Em decorrência das paralisações e decretos de quarentena dos Estados, houve uma intensa queda do consumo, aumento da taxa de desemprego e paralisação de muitas atividades, o que refletiu negativamente em vários setores.
No entanto, alguns segmentos parecem nadar contra a maré da retração, como é o caso do mercado imobiliário.
Segundo uma pesquisa da Brain Inteligência Corporativa, feita em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), mesmo com as incertezas oriundas da crise, a venda de imóveis manteve-se estável.
Dados da amostragem mostram que 22% das pessoas que pensavam em adquirir um imóvel fizeram a compra no mês de junho de 2020. O mercado imobiliário das regiões Sul e Centro-Oeste tive um crescimento de 20% e no Sudeste, 26%.
Mas o que explica essa alteração? Como o Covid-19 alterou o mercado imobiliário?
O artigo de hoje pretende responder estas perguntas, além de mostrar algumas perspectivas para o ramo da venda de imóveis no pós-pandemia. Acompanhe a leitura!
Venda de imóveis na pandemia: oportunidade ou inconveniência?
Há uma controvérsia a respeito do mercado imobiliário em tempos de crise.
Embora a venda de imóveis tenha registrado um aumento, as imobiliárias também tiveram que lidar com a renegociação de contratos e, ao mesmo tempo, inúmeros lançamentos de construtoras foram adiados devido ao isolamento social.
Inclusive, empresas que prestavam serviços para o ramo, como de limpeza de fachada predial, também sofreram com a crise da Covid-19, ainda mais em regiões onde a quarentena foi decretada, com o impedimento de atividades.
Os mercados imobiliários de Portugal e China apresentaram uma queda de 34,7% nas vendas no segundo bimestre de 2020 e o mesmo era esperado para o Brasil – ainda mais com o aumento do desemprego e a crise financeira.
No entanto, a instabilidade financeira fez com que os bancos reduzissem a taxa de juros para financiamento, ao mesmo tempo em que a Selic atingiu o menor número em toda a história, o que é uma oportunidade para a venda de imóveis.
Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostrou que só em maio de 2020 os financiamentos para a compra e construção de imóveis tiveram um crescimento de 6,5% na comparação com abril de 2019.
Em relação à maio de 2019, o aumento de financiamentos foi de 8,2%.
Os empréstimos totalizaram mais de R$ 34,08 bilhões, com expansão de 23,2%. No período de 12 meses, o crédito imobiliário chegou a R$ 85,13 bilhões, com aumento de 30,5% em comparação ao ano anterior.
Em um levantamento do Sindicato da Indústria e Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), de janeiro a abril de 2020, as vendas de apartamentos cresceram 14,62% em relação a 2019.
O destaque foi para imóveis do padrão standard (de R$ 215 a R$ 400 mil), com aumento de 20%, e de padrão médio (de R$ 400 a R$ 700 mil), com alta de 5,4%.
Ou seja, devido à queda dos juros, os brasileiros buscam uma oportunidade de investir em um bem durável, com potencial de valorização.
Sendo assim, houve um aumento na venda de imóveis de alto e médio padrão, inclusive de residências reformadas com divisoria de madeira para quarto, por exemplo.
A conjugação entre a taxa de juros básicos da economia alcançou um número histórico de 2,25%, o que torna as aplicações financeiras tradicionais, como a compra de imóveis, mais atraentes.
Quer dizer que o próprio comportamento social enfrentou uma mudança com a Covid-19, pois as pessoas procuram por investimentos mais estáveis.
Fora as condições econômicas favoráveis, o próprio isolamento social ajudou no aquecimento do mercado imobiliário.
Afinal de contas, com as pessoas passando mais tempo em casa, elas passaram a observar mais seu espaço e, assim, despertou-se o desejo de melhorias na infraestrutura e bem-estar. Sendo assim, mesmo quem não comprou um imóvel acabou investindo no lar.
Como a compra de móveis, como uma mesa grande para escritorio (já que muitos trabalhos passaram para a modalidade home office), entre outros incrementos que certamente valorizam o local.
Quais as outras mudanças do mercado imobiliário em tempos de pandemia?
Além das perspectivas de crescimento na venda de imóveis, o mercado imobiliário também teve que se adaptar a novas realidades diante da pandemia da Covid-19.
Inclusive, os próprios corretores precisaram ir atrás de soluções de atendimento ao cliente, sem descumprir os decretos de isolamento social.
Abaixo, separamos outras mudanças pelas quais o mercado imobiliário passou em tempos de pandemia.
1 – Arranjo de trabalhos flexíveis
O isolamento social imposto pelo coronavírus acelerou a adoção de novas modalidades de trabalho e soluções tecnológicas no setor imobiliário.
Um exemplo é a recente aprovação da assinatura de escrituras digitais por videoconferência, instituída pela Corregedoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo.
Além disso, a entrega de documentos também passou a ser feita por outras alternativas viáveis, como a contração de uma empresa de motoboy especializada, evitando o contato direto com os clientes, o que diminui os riscos de contágio.
No entanto, para a estruturação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), o processo operacional não é virtual.
Por esse motivo, os corretores e colaboradores do mercado imobiliário precisam se adaptar em arranjos de trabalhos flexíveis, muitas vezes, em uma mescla do trabalho remoto e presencial.
Vale dizer que a jornada de compra de um imóvel é longa e demanda reflexão dos clientes. Por isso, a tecnologia pode ser uma aliada, pois mesmo em regime home office, os corretores podem:
- Enviar mensagens por aplicativos;
- Entrar em contato via e-mail;
- Mandar novas propostas aos interessados;
- Oferecer informações extras com auxílio de sites.
Essas soluções tecnológicas pretendem permanecer mesmo após a pandemia, devido ao seu grande potencial de modernização dos processos e agilidade no fechamento de contratos imobiliários.
2 – Cuidados de limpeza
Quem trabalha com a venda de imóveis sabe a importância de mostrar, presencialmente, os locais para os interessados. Inclusive, a visita às casas e apartamentos é o fator que mais influencia na decisão de compra.
Por esse motivo, é preciso redobrar os cuidados com higienização, durante uma vistoria ao imóvel.
A recomendação é ir até uma loja de material de limpeza e adquirir todos os produtos necessários para um ambiente seguro, como álcool em gel 70%, máscaras, protetores de pés, entre outros.
Os corretores também devem orientar os interessados com os cuidados durante a visita, como evitar tocar nas superfícies, não coçar os olhos, nariz e boca, não chamar acompanhantes para ver o imóvel, fazer a higienização correta das mãos e usar máscara.
Uma recomendação é forrar as partes da casa e construir um caminho no imóvel com uma lona para tatame personalizada. Dessa maneira, os visitantes se concentram em apenas uma área do estabelecimento, evitando o risco de contágio de outras superfícies.
Claro que, se as imobiliárias decidirem por essa alternativa, é preciso verificar a viabilidade de instalação.
Por esse motivo, o melhor cuidado é sempre manter a higiene em dia, principalmente em atividades que exigem o contato presencial.
Para os imóveis que permanecem fechados, a recomendação é abrir janelas e portas para ventilação natural e, se possível, usar um bactericida ar condicionado central, como forma de eliminar qualquer potencial agente infeccioso.
3 – Descrição detalhada dos imóveis
Visto que muitas pessoas estão cumprindo corretamente o isolamento social, o mercado imobiliário também teve de se adaptar para oferecer o máximo de informações possíveis a respeito dos imóveis, evitando o contato direto com os clientes.
Sendo assim, é importante que os corretores forneçam uma descrição detalhada dos imóveis e usem a tecnologia a seu favor, com tours virtuais para os interessados.
Assim, durante a negociação de um estabelecimento comercial, por exemplo, os corretores podem enumerar os equipamentos disponíveis, como um instintor de incêndio, a presença de mobília, entre outras estruturas do local.
Conclusão
A pandemia do novo coronavírus transformou inúmeros comportamentos sociais, além de alterar o mercado de uma maneira significativa, ainda mais com a crise econômica e financeira gerada pelo isolamento social.
Contudo, enquanto alguns setores apresentaram uma grande redução, o mercado imobiliário se manteve estável e mostrando sinais de crescimento, impulsionado pela redução das taxas de financiamento e da Selic.
Ao mesmo tempo, os corretores tiveram que se reinventar para o atendimento ao cliente, como forma de manter a segurança no trabalho e evitar o contágio da doença.
Tudo isso ressignificou muitos arranjos de atendimento, mas espera-se que essas mudanças prevaleçam mesmo após a pandemia. Por conta disso, vale a pena se atualizar a acompanhar a efervescência do mercado.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.