Todo brasileiro sabe que na hora de comprar um eletrônico ou eletrodoméstico qualquer é preciso prestar bastante atenção na voltagem do produto. Afinal, a tomada em que ele vai ser instalado, é de 110V ou 220V?
Hoje, a maioria dos estados do país oferece um serviço de eletricidade que abastece as casas com tomadas de 110V, mas também há estados (como Goiás, Paraíba, Fortaleza e outros) que fornecem 220V, daí a necessidade de prestar atenção nisso.
Como veremos abaixo, hoje existem aparelhos que já têm a capacidade de funcionar como bivolt, isto é, em qualquer uma das duas tomadas. Também assim, há dispositivos que podem converter ou adaptar as correntes de energia.
Mas, antes de entrar nesse mérito, precisamos compreender melhor como se dá o funcionamento dos equipamentos eletrônicos em geral, e como alguns princípios da própria Física estão diretamente ligados a isso.
Atualmente, são tantos os produtos que dependem de tomadas, desde os que ficam nelas continuamente, como geladeiras e micro-ondas, até celulares, secadores de cabelo e afins, que esse assunto continua sendo cada vez mais relevante.
Até porque, considerar a diferença entre 110 e 220V é algo que pode evitar transtornos maiores, não só de “queimar” um produto novo, como de prejudicar a rede elétrica da sua casa ou empresa, e até mesmo colocar o local todo em risco.
Então, para entender a importância de cada uma dessas tensões, e aprender dicas valiosas sobre suas aplicações, basta seguir adiante na leitura.
Os fundamentos científicos da voltagem
A voltagem, simbolizada pela letra V apenas, não passa de uma “tensão elétrica”, baseada no fato de que a unidade de medida da tensão é o Volt. Tudo isso indica o famoso potencial de corrente que um determinado equipamento demanda.
Por exemplo, uma impressora de carteirinhas pvc, para funcionar corretamente, precisa de determinada potência ou corrente elétrica para executar todas as suas funções. O que já é desenhado pelos engenheiros desde a criação do projeto.
Daí que a instalação errada do dispositivo em uma tomada inadequada possa ocasionar vários problemas, que vão desde mau funcionamento (algumas funções podem demandar menos potências que outras), até a avaria total do item, o famoso “queimar”.
Também é aí que entram fatores como o calibre da fiação, e a relação entre outros fatores da Física em geral. Como o fato de que a voltagem nada mais é do que um elemento que, unido à amperagem, compõe os famosos watts de potência enérgica.
Existe até uma fórmula para calcular a relação entre esses elementos, que leva em conta os seguintes fatores:
- W (watts): potência;
- V (volts): voltagem;
- A (ampere): corrente;
- Resultado da demanda.
Assim, se uma oficina trabalha com conserto de compressor de ar, ela precisa levar em conta a potência e a voltagem de cada equipamento, o que configura a demanda total. Um compressor de 1000W, numa rede de 220V, demanda cerca de 50A.
Já numa tomada de 100V, o mesmo equipamento demandaria uma amperagem dobrada, ou seja, na casa dos 100A. Assim como a grossura dos fios, já citada acima, que tendem a ser menores quando a corrente elétrica necessária também é menor.
Isso já deixa claro como e por que motivo é tão importante verificar a voltagem de um aparelho eletrônico antes de comprá-lo. Realmente, existe toda uma estrutura de instalação e vários fatores Físicos que estão em jogo, e precisam ser respeitados.
Posso tomar a decisão baseado em segurança?
Afinal, qual a diferença entre um produto ou as tomadas de 110 e de 220V?
Na prática, é preciso dizer que não existe uma diferença técnica que possa servir como critério estrutural de instalação de uma rede elétrica (a não ser algumas poucas, e relativas, que veremos abaixo).
A diferença que existe sim, e é fundamental, é a de instalação de equipamentos. Portanto, uma caixa de tomada pode ter uma ou outra voltagem, ou mesmo as duas, e isso não vai limitar ou potencializar a rede da construção inteira.
Mas depois de fazer a instalação da rede, aí sim é preciso levá-la em conta ao plugar qualquer equipamento na tomada.
Mesmo assim, uma pergunta muito comum é a que está implícita no título: “Afinal, não é pior tomar um choque no 220V, em relação ao 110V?”.
Este é um assunto delicado, que merece toda atenção do mundo. Primeiramente, todo choque é perigoso e pode mesmo chegar a ser fatal, especialmente para o caso de crianças, animais, idosos ou pessoas com alguma doença pré-existente.
Ademais, o foco da segurança deve estar em evitar o choque, e não escolher uma instalação maior ou menor para o caso de um possível descuido. Aliás, o novo padrão de tomadas brasileiras veio justamente com a intenção de evitar isso.
Trata-se da tomada de três pinos, cujo terceiro encaixa cumpre o papel do famoso fio terra, responsável pelo aterramento elétrico e pela rota de fuga para o caso de eventuais descargas elétricas ou fugas imprevistas de energia.
Na verdade, todo dispositivo que trabalha com eletricidade deveria contar com um recurso desses. Por exemplo, em uma bateria de carro 60a, a carga positiva alimenta vários pontos específicos, ao passo que o negativo é ligado na carcaça do automóvel.
Essa instalação garante exatamente a mesma função de um fio terra. Mas a adaptação desse meio de segurança universal demorou muitas décadas para ser instituída no Brasil todo, como hoje ocorre, sob força de lei.
A questão da economia na conta, onde fica?
Se a diferença da potência de choque não pode ser um critério seguro na hora de decidir entre uma e outra corrente elétrica, e a questão da economia na conta de luz? Na verdade, trata-se de outro mito, pois não há relação direta entre as duas coisas.
Portanto, se você está comprando um notebook novo, e ele tem a opção bivolt, não pense que ele vai consumir menos energia em uma tomada de 110, e mais em uma de 220V. Isso não vai acontecer, seja qual for o aparelho eletrônico.
De fato, o que impacta no consumo da rede elétrica e, portanto, na conta de energia no fim do mês, é a potência do equipamento em watts, conforme detalhado na fórmula acima.
Aliás, no exemplo dado ficou claro que, em qualquer uma das duas correntes, a potência é sempre a mesma. O mesmo vale para uma empresa que trabalha com aluguel de som para festa.
Se ela quer um diferencial na hora de dizer para os clientes que seus equipamentos são econômicos, é preciso decidir isso na hora de escolher os modelos, com base na potência, não nos volts.
Isso também reforça uma explicação que estava implícita no tópico anterior: na prática, não existe um tipo de aparelho que seja mais indicado para cada tipo de tomada.
As diferenças da escolha pessoal e comercial
Do que foi dito até aqui, fica claro que os critérios de decisão entre o 110V e o 220V só variam conforme a instalação elétrica da tomada que vai receber o equipamento, certo?
Na verdade, não é bem assim. Isto é verdadeiro no que diz respeito aos clientes e compradores, ou seja, os usuários finais. O que não quer dizer que não haja diferença nenhuma, sobretudo para o fabricante.
De fato, alguns aparelhos elétricos que lidam com calor, como secadores e aquecedores, podem funcionar melhor na corrente 220V.
Por isso, há base técnica para dizer que impressoras térmicas, como as de adesivo lacre de segurança, seguem a mesma lógica. Tal como outros equipamentos e dispositivos igualmente relacionados com a questão térmica.
Por isso, se pessoalmente não há grandes diferenças a não ser as demandas técnicas da própria instalação, comercial e industrialmente, pode haver uma boa diferença entre as correntes de 110V e 220V.
Sobre os bivolts e os transformadores
Uma das dúvidas mais comuns sobre a diferença entre as duas correntes diz respeito às estratégias criadas para contornar esse problema.
A mais prática delas é, sem dúvida, a dos equipamentos que já são feitos para serem bivolts, ou seja, para suportarem qualquer uma das correntes, sem a necessidade de ajustes.
As fontes dos notebooks e os carregadores de celulares com essa engenharia são os eletrônicos mais comuns, porém, cada vez mais outros tipos de dispositivos estão vindo com essa função. Além de evitar que o item “queime”, isto defende contra curto-circuitos.
Agora, se você já tem um aparelho que não oferece a função, o último recurso é o dos transformadores, que são dispositivos que convertem ou adaptam a corrente elétrica. Aí você não precisa alterar, por exemplo, sua instalação elétrica externa.
Basta conectar o transformador na tomada, e o equipamento no transformador. O dispositivo fica entre a tomada e o aparelho, e não exige mudanças estruturais. Além disso, ele pode ser usado para qualquer outro aparelho que apresente a mesma necessidade.
Com isto, fica claro que as tomadas de 110V e 220V guardam uma série de diferenças entre si, embora algumas delas não passem de mitos. Daí a importância de entender melhor o funcionamento de cada uma das correntes.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.